terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A viagem - Parte III



Acho que já posso abrir os olhos... ele já deve ter percebido como estava incomodando.


- Já acordou? Realmente o seu sono é muito leve. - Sério, porque isso agora? De onde ele surgiu? E porque ele estava fazendo isso?


-É. - Nesse exato momento, como se todo o universo conspirassse ao meu favor, o meu celular tocou e era o Olavo.


- Alô?


-Oi, é o Olavo.


-Ahh, eu não acredito que você acordou de madrugada só pra me ligar! - Espero que o Thomas esteja pensando que estou falando com o meu namorado, assim ele me larga.


- É, porque? Estava dormindo?


- Quem me dera. Não consigo dormir nem por um decreto. Mas isso não importa, eu só quero mesmo é te encontrar.


- Eu também. Minhas malas já estão prontas e amanhã devo estar chegando aí umas nove e meia.


- Olha ainda não faço a mínima ideia de como vão ser as atividades no camping. - No pacote da viagem estava inclupido rappel, canoagem e trekking orientado mas ainda não sei os horários.
- Mas eu vou encontrar com você de qualquer forma.


-Tudo bem.. tente dormir meu anjo.


-Vou tentar, beijos. - "Meu anjo". Nossa, é incrível como duas palavras podem me fazer sorrir como uma idiota. E o melhor é que o Thomás foi embora. É, acho que funcionou.


Com tantas meninas naquele ônibus porque eu? Não sou bonita, é. Eu acho que sou diferente.Triste é sabe que diferente pode ser bom ou ruim. Talvez ele esteja apostando com alguém que consegue alguma coisa até o fim da viagem e esta vendo o alvo mais fácil. Parece absurdo, mas os garotos são assim mesmo. Crescem no tamanho e nos assuntos que lhe interessam (geralmente bebidas e mulheres), só. Espero que nessas quatro horas de viagem que faltam ele não pertube mais.

Mas como é possível ficar pensando nesse desconhecido tendo acabado de falar com aquele que me faz tropeçar nas palavras e me perder em sentimentos? Não sei como vai ser encontrar com o Olavo, mas eu conto os segundos pra isso acontecer.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A viagem - parte II


Que delícia, ainda está escuro. Foi como se eu tivesse dormido por uma eternidade mas cochilei apenas trinta minutos. Olhei para o corredor e o menino desconhecido estava vindo na minha direção. Ele se sentou ao meu lado e como se quisesse puxar algum assunto disse:

- Não consegue dormir?

-É. Esse ônibus não é tão confortável. – A frase até saiu mais gentil do que eu esperava.

- Liga não... também não estou conseguindo. Acho que é normal.

- É, deve ser. – Virei o rosto fitando a paisagem, ou melhor, a escuridão.

- Desculpa mas qual é seu nome mesmo?

- Beatriz.

- Mesmo que você não queira saber eu sou o Thomas. Irmão do Henrique.

-Ah, sim. Com licença. – Fechei os olhos e fingi dormir. Não estava com sono nem tão incomodada com a presença dele na verdade. Eu estava mesmo era começando a achar ele... não acredito nisso! Atraente.

Infelizmente essa é a palavra perfeita.Vou pensar no Olavo pra tentar me afastar desses pensamentos desagradáveis. Sinceramente, eu não sei que tipo de relação eu tenho com ele. Nos conhecemos pelo twitter e começamos a conversar e acabou que em um dia ele disse “ Sabe que ás vezes tenho medo de me apaixonar por você?” Eu disse que não sabia o que pensar e dias depois continuamos a nos falar normalmente.

É estranho falar com ele como um amigo sabendo que nós nos amamos. O jeito é esperar o nosso encontro pra resolver o que somos afinal. Mas por enquanto eu sou apenas uma menina tentando fugir da tentação que é o garoto sentado ao seu lado.

É estranho mas infelizmente tenho que admitir... o amor que sinto pelo Olavo é firme mas o desejo pelo Thomas é forte.
Obs.: Vou tentar colocar imagens que tenham a ver com a história, mas está muito difícil. Sério .-. .

domingo, 5 de dezembro de 2010

A viagem


Depois de um ano inteiro de expectativa chegou o dia da viagem. Ainda não acredito que a viagem do colégio é pra Minas Gerais, é muita coincidência. Logo onde ele mora. Não paro de imaginar o momento em que vamos nos encontrar. Só por ele mesmo pra eu agüentar essas pessoas que sou obrigada a chamar de “colegas de classe”. Ainda bem que consegui uma barraca só pra mim. Seria tortura demais dividir essa casa temporária com alguém.

Acabei de entrar no ônibus e tem um menino que não é aluno do colégio. Deve ser irmão de alguém. Ele tem os olhos negros e penetrantes, rosto pálido e cabelo bagunçado. Não ia demorar muito pra ele virar motivo de assanhamento nessas meninas fúteis.

Enfim... só quero chegar logo no camping. Ele conseguiu convencer a família dele a acampar no mesmo camping que eu, só que ele só vai me encontrar no segundo dia. Mas não posso reclamar porque era uma utopia conhece-lo pessoalmente então... antes tarde do que nunca.